Carapicuíba, 02/02/2013.
Há 13 anos nós, do Centro de Educação e Formação de Carapicuíba, iniciamos um trabalho com a comunidade do município. Temos por princípio a vontade de diminuir as desigualdades de oportunidade de acesso às Universidades Públicas, por parte de nossos alunos. Vivenciamos uma realidade na qual o Brasil caminha a passos lentos para oferecer uma educação integral, gratuita e de qualidade para as famílias pobres.
Entendemos que a sociedade civil organizada precisa formar pessoas que façam parte das elites intelectuais do país para levar as vozes dos oprimidos aos núcleos de decisão. Seja no governo ou no meio acadêmico, almejamos que um dia todos os cidadãos brasileiros possam ter acesso a uma educação digna, sem a necessidade de paliativos.
Assim nasce o nosso trabalho como curso pré-universitário. Nesses anos atendemos a centenas de carapicuibanos, muitos dos quais acessaram às mais renomadas Universidades no país. É desta maneira que semeamos a ideia de uma pedagogia do oprimido, tão brilhantemente vivenciada e teorizada pelo educador Paulo Freire.
Acreditamos que, mais do que ter contato com os conteúdos historicamente acumulados pela humanidade nas diversas áreas do conhecimento, nossos educandos precisam problematizar sua realidade e sua própria formação. Precisam compreender as redes de interação entre ciências, tecnologia, sociedade e poder político.
O que começou como um curso pré-universitário foi por nós descortinado em diversas facetas, por entendermos que a vida não pode ser fragmentada. Dessa compreensão nasceram diversos projetos, tais como: Cineclube Zagaia, Biblioteca, Centro de Línguas, Roda de Leitura, Informática, núcleo de Música, entre outros que estão em vias de serem concretizados.
Adotamos uma metodologia de ensino realizando atividades que já se tornaram tradicionais ao longo dos anos, e que caracterizam os modos de ver e problematizar o mundo que é particular do grupo de pessoas que se identificam com a entidade e que a ela se integram, sejam eles alunos ou professores. Mais do que ser “treinado” para ser bem sucedido nos principais vestibulares e concursos do país, nossa preocupação é de que o alunos possam permanecer nestes cursos. Almejamos que compreendam as diversas possibilidades que existem no meio acadêmico, e que entendam o papel de sua profissão para a comunidade à qual pertencem. Esse é o diferencial do Prestes Vestibulares, e que poucos cursinhos oferecem.
Durante os últimos 4 anos (gestão 2009-2012), o Cursinho Prestes Vestibulares organizou as atividades, aulas e plantões oferecidos pelo cursinho da Prefeitura de Carapicuíba (Lei Municipal 2.500 de 14 de maio de 2004). Neste período, coube à prefeitura apenas contribuir com o pagamento do salário de funcionários. Não percamos de vista a permanente existência de voluntários que trabalham na instituição.
Ao fim da gestão (2009-2012) os membros do governo municipal nos ofereceram a oportunidade de tornar essa colaboração mútua um convênio. Esse convênio seria feito de modo que seria repassada verba da prefeitura para que o Cursinho Prestes vestibulares assumisse integralmente a gestão do Cursinho Pré-vestibular da Prefeitura de Carapicuíba. Dessa forma o governo, através de uma contrapartida financeira, transferiria a responsabilidade do funcionamento do seu serviço (Cursinho Municipal) para uma instituição privada, de caráter social (CEFC/Cursinho Prestes Vestibulares).
As negociações para manutenção do convênio tiveram início no segundo semestre de 2012, quando elaboramos um projeto político/pedagógico/financeiro, contendo a descrição dos objetivos e das metas da instituição, além da justificativa de gastos. Elaboramos também uma planilha financeira com os gastos com material de consumo, manutenção predial e recursos humanos.
Como em qualquer negociação, realizamos várias reuniões no sentido de chegar ao consenso do que seria interessante para ambos os lados. A pedido do próprio prefeito buscamos contato com a Secretaria de Educação e com o departamento de finanças da prefeitura.
Contudo, no início deste ano as negociações foram interrompidas, e nos foi oferecida uma proposta pronta, rígida, que não levava em consideração as necessidades colocadas até então pelo Cursinho Prestes Vestibulares. Além disso, o nosso trabalho e as ideias que apresentamos foram diminuídos em seu valor e representatividade na comunidade carapicuibana. Foram realizados contatos de nossa parte no sentido de compreender o motivo do rompimento nas negociações, mas não obtivermos respostas.
Diante do exposto, e diante do que acreditamos ser o melhor para os nossos atuais e futuros alunos, o coletivo, em Assembléia Geral, decidiu romper laços com a Prefeitura de Carapicuíba neste momento.
Compreendendo que as inscrições realizadas até então, com divulgação e link no Portal da Prefeitura do Município de Carapicuíba, diziam respeito a uma situação que não existe mais, achamos transparente e justo com todos invalidar as atuais inscrições. Sendo assim, vimos, por meio desta carta aberta, esclarecer os candidatos que demonstraram interesse pelas vagas para que compreendam todo o processo e sejam capazes de escolher conscientemente se matricular ou não no Cursinho Prestes Vestibulares.
Coletivo Prestes Vestibulares
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